Anália Maia

Caro amigo,
Venho através desta para lhe contar sobre uma criaturinha muito irritante, mas que muito desperta meu interesse. Sim, é uma garotinha, assim, pequena, inquieta, chatinha.
Ela não pára de me azucrinar com suas idéias tontas. Preciso de sua ajuda para entendê-la fazê-la parar, não a aguento mais, talvez até ela não se aguente (quem é que sabe?).
Pra ela, tardes nubladas iluminam muito mais que raios e mais raios de Sol.
Tardes nubladas a fazem esquecer do relógio, das obrigações e de tudo mais que parece importar, mas não importa.
E ela diz querer que todos os dias fossem nublados, chuvosos. Aqueles dias com gosto de caqui, que dão vontade de se fechar em casa, mas de abrir o coração e a alma.
A garotinha já procurou um estereótipo no qual a coubesse, mas não achou nenhum.
Ela gosta de filme romântico e de filme de ação, dos LP's do pai e de música da moda, de conversar sobre futilidades e coisas sérias, de odiar, de ser feliz, de chorar, de amar.
Veja bem, meu caro. A garotinha não sabe o que é, não sabe e não parece querer saber. Como ajudá-la, se nem ela está interessada em sua própria hi(es?)tória?
Ouvi um barulho, ela está voltando. Lhe escrevo depois, quando ela resolver passear pelos jardins de girassóis novamente (ora, ora. Não gosta de Sol, mas gosta de Girassóis... quem vai entender?).

Meu sincero afeto,

C.